É muito natural sair à rua e encontrar aquela pessoa que não desejamos ter conversa para além do “tudo bem?” ou o “muito obrigado”, e sejamos obrigados pela circunstância do momento a trocar mais dois dedos de conversa. Nestas situações, surge obrigatoriamente a genial constatação “-Tá tanto calor, quem nem se pode…”. Esta imprevisível revelação é capaz de surpreender até o mais atento meteorologista e deixar boquiabertos todos aqueles que por acaso saem de “blusa de alça” (sempre na moda de alguns) a mostrar a pelugem axilar.
Agora, “está tanto calor que não se pode…”, mas não se pode o quê? às vezes apetece-me perguntar, mas a previsível figura de estúpido impede-me de o fazer.
Acerca de estas pequenas frases de conveniência, ou “desbloqueadores de conversa” como outros originalmente lhes chamam, eu tenho a opinião que o português é muito pouco criativo e devia ir mais ao fundo da questão …
Por exemplo, uma conhecida:
-olá, tudo bem? está tanto calor, não está!!?
-Não há-de estar com essas calças de ganga dois números abaixo e uma mala de dois quilos ao ombro…
ou então:
- olá vizinhança, está cá uma brasa!
- Pois está, mas já reparou que são três da tarde e está em cima de um telhado a arranjar a antena??
- é por causa da bola que dá às sete.
- ahh…assim tudo bem…boa destilação…
Bom, a verdade é toda esta retórica não me impede de admitir que está quentinho. A típica citação “vou ali para a sombra que tá fresquinho” já não faz qualquer sentido e as nuvens há umas semanas que não as vejo…mas pronto.
No comments:
Post a Comment